Em seu pub de Londres, Kate Davidson criou cartões de racionamento de Guinness ante a escassez no Reino Unido da conhecida cerveja preta irlandesa.
Bares de todo o país sofrem com a mesma escassez desde que a Diageo, proprietária da Guinness, anunciou este mês que enfrentava uma “demanda excepcional dos consumidores”.
“Não esperava que se esgotasse nessa época do ano”, comentou à AFP a comerciante de 42 anos no bar do centro de Londres.
Vários fatores ajudam a explicar as dificuldades de fornecimento da cerveja:
O consumo de Guinness aumentou 24% entre as mulheres, após uma estratégia comercial que busca atrair novos consumidores, segundo a diretora-executiva da Diageo, Debra Crew.
Entre a geração Z, o interesse na cerveja preta se deu por causa dos chamados “Guinnfluencers”, como Kim Kardashian, que publicou uma foto sua com a cerveja no Instagram.
Guinness racionada
A Diageo começou a restringir a quantidade de barris de Guinness que os pubs britânicos podem comprar devido ao aumento nas vendas.
A bebida escura e cremosa, tradicionalmente consumida por fãs de rúgbi e homens barbudos de meia-idade, se tornou popular entre mulheres jovens.
Davidson percebeu que havia um problema na segunda-feira, quando tentou fazer seu pedido semanal normal de sete ou oito barris, mas foi informado de que só poderia comprar quatro.
“A cervejaria confirmou que a Diageo estava racionando, então eles racionaram (para nós)”, explicou.
Davidson e seu sócio criaram um cartão de racionamento que exige que os clientes comprem mais duas bebidas antes de poderem comprar uma Guinness. É assim que eles lidam com “esses tempos difíceis de racionamento de Guinness”.
Pânico
Apesar da medida, os barris de Guinness estavam vazios na noite de sexta-feira e os clientes terão que esperar até quarta para saborear a bebida.
“É um pouco triste”, admitiu Claudia Russo, uma tatuadora de 39 anos e amante de Guinness, que desta vez optou por um Bloody Mary.
As vendas da Guinness no Reino Unido aumentaram 21% entre julho e outubro, apesar do declínio geral no mercado de cerveja, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado de alimentos e bebidas CGA by NIQ.
Shaun Jenkinson, diretor de operações da rede de pubs irlandeses Katie O’Brien’s, disse à AFP que só recebeu “cerca de 70% do que era necessário para atender aos pedidos”.
Os fornecedores alertaram várias vezes que “não conseguiriam atender aos pedidos antes do Natal”.
O “Times” informou este mês que a escassez está causando “compras em pânico”, complicando ainda mais o fornecimento.
“Se os jovens pararem de beber Guinness, esse problema acabará”, disse o escritor Howard Thomas, 79 anos, no Old Ivy House.
“Deixe isso para os idosos”, propôs ele.