As rodovias do Paraná estão passando por uma revolução. A unidade da federação está substituindo o asfalto pelo concreto, que oferece o dobro de durabilidade e menos manutenções. Será que o resto do Brasil está pronto para seguir esse exemplo?
A resposta está em sua durabilidade e menor custo de manutenção ao longo dos anos.
A rodovia de concreto oferece o dobro da vida útil em comparação ao pavimento asfáltico, prometendo mais de 20 anos de serviço antes de qualquer intervenção, enquanto o asfalto precisa de manutenção constante ao longo de uma década.
Segundo especialistas, isso não só reduz os custos operacionais, como também diminui o tempo de obras e os transtornos para os motoristas.
Inspirado nos EUA e Alemanha
O modelo adotado pelo Paraná se inspira nas rodovias americanas e alemãs, reconhecidas mundialmente pela eficiência e durabilidade.
“Como um estado forte na produção agrícola e industrial, fomos buscar as melhores soluções de infraestrutura adotadas pelo mundo. As estradas de concreto são opções mais duradouras e que aguentam melhor o tráfego pesado”, afirmou o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex.
Em termos práticos, o estado está renovando cerca de 340 quilômetros de rodovias com concreto em treze diferentes trechos.
Entre eles estão a PRC-280, que conecta General Carneiro a Pato Branco, inaugurada há mais de um ano e a PR-180, entre Goioerê e Quarto Centenário. Projetos também incluem a duplicação da Rodovia dos Minérios e o Contorno Oeste de Cascavel, além de restaurações na PR-151, entre Ponta Grossa e Palmeira.
Vantagens econômicas e operacionais
O pavimento rígido de concreto apresenta vantagens operacionais significativas. Além da durabilidade, as estradas de concreto necessitam de menos manutenção ao longo do tempo, o que significa menos interrupções para quem utiliza essas vias.
“As manutenções no pavimento rígido acontecem muito mais tarde do que no asfalto e são pontuais e simples”, afirmou Janice Kazmierczak Soares, diretora técnica do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR).
Outra vantagem operacional é o conforto proporcionado aos motoristas. O concreto não aquece tanto quanto o asfalto em dias quentes, e sua superfície texturizada garante maior aderência dos pneus, reduzindo riscos de aquaplanagem.
Durante a noite, o pavimento mais claro também melhora a visibilidade, tornando a condução mais segura.
Tecnologia avançada para monitoramento
Para comprovar a qualidade das novas rodovias, o Paraná utilizou uma tecnologia inovadora de monitoramento do pavimento.
O chamado Traffic Speed Deflectometer Device (TSDd), uma espécie de caminhão equipado com lasers, percorreu 60 quilômetros da PRC-280 em apenas três horas, avaliando a resistência do pavimento.
Esse teste, realizado em parceria com a Votorantim e a empresa de engenharia Roadrunner, garantiu que a estrada está apta a suportar o tráfego pesado por muitos anos.
Whitetopping: inovação no uso de concreto
Uma técnica chamada whitetopping está sendo utilizada em alguns trechos das rodovias. Esse método consiste em aplicar uma camada de concreto sobre uma base existente de asfalto, tornando a obra mais rápida e barata.
Um exemplo de sucesso dessa técnica ocorreu na PRC-280, entre Palmas e General Carneiro, onde 60 quilômetros de estrada foram renovados com concreto em apenas um ano.
Economia de longo prazo
Embora o custo inicial de construção com concreto possa ser mais elevado, ele é compensado a longo prazo.
Estudos de viabilidade mostram que o pavimento rígido é mais vantajoso economicamente em 5 ou 10 anos, conforme destacou Janice Kazmierczak Soares.
Em alguns casos, como no trecho da PRC-280, o concreto se mostrou mais barato já durante a obra, devido às condições da estrada e ao tráfego intenso de caminhões.
Além disso, a manutenção reduzida impacta diretamente os cofres públicos, permitindo que o estado economize em contratos de reparo e reduza a frequência de intervenções, liberando as rodovias para o tráfego por mais tempo.
Histórico das estradas de concreto no Brasil
Embora o uso de estradas de concreto seja tradicional em várias partes do mundo, no Brasil, esse tipo de pavimento acabou sendo relegado ao segundo plano por muito tempo.
Segundo Dejalma Frasson Júnior, gerente regional da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a preferência pelo asfalto se consolidou durante a construção de Brasília e com a fundação da Petrobras.
“As estradas de concreto são muito tradicionais, com mais de 100 anos de história”, afirmou ele.
Nos últimos anos, no entanto, a aproximação dos preços entre asfalto e concreto, além da melhoria tecnológica na produção de cimento, tem despertado o interesse por estradas de pavimento rígido.
Essas rodovias são capazes de suportar o tráfego intenso de caminhões e ônibus, sendo uma solução eficiente para estados como o Paraná, que possuem uma economia baseada em setores industriais e agrícolas.