O diálogo conhecido do povo CRISTÃO, mundo afora há mais de 2.000 anos, entre um certo magistrado romano, então prefeito de uma cidadela de nome Judéia (Pôncio Pilatos) e Cristo, com ideia preconcebida de condenação, é bastante esclarecedor:
– Pilatos: Tu és Rei?
– Cristo: Tu o dizes. Eu sou Rei. Por isto nasci e para isto vim ao mundo, para dar testemunho da VERDADE.
– Pilatos: O que é a VERDADE (quid veritas est)?…
Silêncio… Sem resposta. (João 18, 37-38).
A verdade para Cristo é que a vida dele era a verdade e seu interlocutor não entenderia isto naquele momento. A verdade de um não era a verdade do outro. Por isto, a pergunta poderia e pode ser encarada como uma pegadinha. O nazareno não entrou nela, lógico! Até porque, segundo historiadores, para um judeu a verdade significava firmeza, estabilidade para pessoas e coisas e, para um romano (Pilatos), “veritas” significava compreender a realidade das coisas.
E cá entre nós, pobres e simples mortais, como responder à questão já que a verdade é relativa, ou seja, a minha verdade nem sempre é igual à sua e vice versa?
Por exemplo, se digo que uma obra é bonita, estou falando a verdade? Você é obrigado a concordar com esta minha afirmativa pessoal? Claro que não! Corolariamente, o que é mentira? O que é Fake News? Será tudo aquilo que não é a verdade? Se assim for, segue-se que a mentira é também relativa ou pode ser relativizada.
Por isto mesmo, entendo que o nosso STF terá muito trabalho para penalizar o que será mentira ou não, conforme previsto no PL 2.630 de 2.020 (Lei das Fake News, ou da censura), quando e se aprovado no Congresso Nacional. Se tal ocorrer, as dependências do Supremo poderá se entulhar de processos.
Não restam dúvidas que a base fundamental da democracia é o direito à liberdade de expressão. Nos dias atuais (05/24), segundo pesquisa produzida pela Paraná Pesquisas, divulgada recentemente, respondendo a pergunta:
“Atualmente o Sr/a Sra acredita que pode falar e escrever o que pensa ou pode ser punido por falar ou escrever o que pensa no Brasil?”
Lamentavelmente, a resposta foi de medo total para 61% dos entrevistados, que acreditam que não se pode falar ou escrever o que pensam no Brasil, por medo de serem punidos. Uma péssima notícia para nossa democracia!
Melhor mesmo é seremos pessoas do bem, expressarmos positivamente o que pensamos e, preferencialmente, ser e promover a ética. O que se pode fazer? A Sócrates, filósofo grego (399-479 AC), foi atribuída a criação da virtuose e da ética, através, principalmente, da reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual. Para tanto, as pessoas antes de realizarem ou promoverem qualquer ação, pensamento e/ou emitirem qualquer palavra, deveriam filtrar estas atitudes, auto respondendo três perguntas que foram denominadas de “Três Peneiras Gregas”, quais sejam:
É VERDADE? É BOM? É UTIL? Se a resposta fosse “não”, ou, no mínimo duvidosa, a qualquer das perguntas, sugeria-se não promover a atitude ou ato.
Mais fácil ainda é seguir o princípio cristão, foco inicial deste artigo, porquanto facilita as coisas ao propor simplesmente o lema “Amar ao próximo como a TI mesmo”. Muito fácil de seguir. É só querer ser do bem. Todos estão convidados. Enquanto isto, podemos salvar nossa democracia, tão tenebrosa nos dias atuais.