“Mudaram as estações e nada mudou. Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim tão diferente” (São os versos iniciais dos lamentos da cantora/poeta Cássia Eller, na linda música nominada de “Por Enquanto,” descontente com as expectativas de melhoras em relacionamento amoroso, com mudanças de estações, que não aconteciam).

Há quem, da mesma forma, faz comparações com o início de nossa primavera 2024, com a de anos idos, que sempre nos trouxeram novas esperanças. Afinal, em 2024, a primavera nos chegou sem grandes mudanças, entristecida pelos desarranjos de nossa nação, como o território com mais de 60% queimado, calor nunca dantes experimentado, fumaça afogando nossos pulmões, baixíssima umidade do ar em grande parte do país, cenários de tristeza e morte. Meu Deus!…

Porém, acredito e sou mais nossa Poetisa Cecília Meireles, que poetizou com primazia:

“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.”

Sim a primavera está iniciando e, cada vez mais, nos trará o verde, o desabrochar das flores e a inexplicável sensação de que a natureza fica mais exuberante, mais bela e, também, o exemplo de um grande corte, no fato das árvores deixarem cair as folhas velhas para nascer e crescer outras novas, verdes e cheias de vida.

Nossa renovação, contudo, exige um corte entre o velho e o novo, o passado e o futuro, uma decisão forte. Nossa poetisa portuguesa, Florbela Espanca, foi clássica:

“Há uma Primavera em cada vida; é preciso cantá-la assim florida… /que eu saiba me perder para me encontrar”.

Sim, é preciso perder-se para recomeçar. O exemplo que a natureza nos traz a cada ano representa um grande corte ao deixar cair as folhas velhas das árvores para nascer e crescer outras novas, verdes e cheias de vida. É um convite para deixar o velho e seguir em frente com novas ideias e conceitos.

Por outro lado, podemos pensar também na renovação conceitual de nossos líderes municipais nas 5.570 cidades brasileiras. Será uma primavera perfeita se nossos eleitores optarem por líderes comprometidos com a educação de qualidade no primeiro grau, em igualdade de condições para todos e que tenham visão e convicção de que só pela educação poderemos combater a desigualdade em nosso país.

Só assim, podemos sonhar que esta primavera traga-nos, bem como para toda nação brasileira, a renovação da esperança. Que ela chegue ao nosso país como um todo. Afinal, a nação tem convicção de que o país necessita de uma primavera conceitual, de um novo horizonte com perspectivas de futuro com melhorias em todo o seu ambiente. É possível! Depende de nós. Que venha a primavera em cada vida.