Artigo

Prisioneiros na Caverna da Assistência

By Moacir de Melo

Em seu livro “A República” o filósofo e matemático grego, Platão (428 AC -348 AC), escreveu seu texto mais contundente, comentado e analisado em todos os tempos, que foi “O Mito da Caverna ou Alegoria da Caverna,” cuja explicação minimizada pode ser assim definida e contextualizada: “os seres humanos, enquanto presos naquilo que estão vendo, estão diante de uma realidade distorcida, criada e imposta para crer como verdade.” Resume-se que sair da caverna, é conhecer a luz, a verdade e isto, quase sempre, é dolorido e exige determinação, força e coragem.

Pois bem, vivemos tempos em que a assistência social pública, necessária em muitos casos, tem se transformado, para uma parcela bem grande da nossa população, em uma espécie de prisão invisível.

Inspirados na alegoria da caverna de Platão, podemos refletir sobre como muitas pessoas se encontram acorrentadas a programas assistenciais, não por necessidade extrema, mas por acomodação e falta de vontade de buscar a luz da autonomia, conhecendo a verdade. São os verdadeiros presos na caverna aludida pelo mestre Platão.

Evidente que toda sociedade justa deve proteger seus mais vulneráveis. O erro não está na existência da ajuda, mas na dependência que se perpetua por gerações.

Há pessoas que se acostumaram tanto a viver das sombras — dos auxílios, dos favores, das facilidades — que já não veem sentido em buscar outra realidade. Qualquer tentativa de levá-las ao sol, ao esforço próprio, à liberdade conquistada pelo trabalho, é recebida com desconfiança, zombaria ou negação.

Não falta, na maioria dos casos, oportunidade. Falta vontade. Falta incômodo com a situação de estagnação. Falta acordar, enfim! Afinal, a educação está aí, o mercado de trabalho busca mão de obra em todos setores da economia. Nenhum deles consegue completar seu quadro de funcionários. Cursos profissionalizantes são oferecidos (Senai-Sesi e outros), mas o apego ao “mínimo garantido” que se adiciona a um “bico aqui, outro ali” acaba se sobrepondo ao desejo de crescimento.

Tornou-se mais confortável viver na sombra, no escuro da caverna, do que encarar o brilho da luz. Triste realidade! Uma realidade triste e preocupante porque perpetua um ciclo de pobreza mental e material. Gera filhos que aprendem a depender, ao invés de lutar.

Nesta visão, é oportuno avaliar que, com mais de 22 anos de existência, os programas assistenciais brasileiros já estão na segunda e iniciando a terceira geração de dependentes e isto só concorre para enfraquecer o espírito de comunidade, pois sobrecarrega os que produzem para sustentar os que optam por não produzir. Por isto, nossa carga tributária é tão elevada e nos tira nossa competição mundo afora. E, ainda pior é que, esta situação, transforma o benefício, que deveria ser emergencial, em estilo de vida.

Uma reflexão adequada: será que estamos realmente ajudando essas pessoas ao mantê-las na caverna? Ou estamos contribuindo para que permaneçam aprisionadas, cegas diante do sol da liberdade? É fato comum saber que a verdadeira assistência não é a que acomoda, é a que emancipa. Restando saber que só poderemos construir uma sociedade mais justa, consciente e livre, se tivermos a consciência de que saímos da caverna para ver a luz e a verdade.

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