O primeiro grande chamado para cuidar do meio ambiente com visão global deve ser creditado ao Rotary International quando o Presidente da instituição foi o brasileiro Paulo Viriato Correa da Costa, associado ao Rotary Club de Santos (SP) que, em janeiro de 1990, revelou aos clubes do Rotary espalhados pelo mundo seu lema motivacional do ano rotário 1990-91: “PRESERVE O PLANETA TERRA”.
Desde então os rotarianos do mundo fazem o que podem mundo afora: preservação de nascentes, plantio de árvores, repovoamento de peixes em rios, incentivos a reciclagens, palestras e por aí afora.
Em sequência de eventos global tivemos na Rio-92, o início mais sério de uma tomada global de posição com vista a esta preservação. Poucos resultados colhidos. Porém a semente fora plantada.
Já em 2015, na Encíclica “Laudato Sí”, o Papa Francisco, visionariamente, endureceu e culpou o homem pelo aquecimento global, cobrou dos países mais ricos responsabilidades para com os mais pobres, previu cenários favoráveis para futuras guerras em decorrência do esgotamento das águas, criticou o consumismo que tem levado a Terra a ser um imenso depósito de lixo, chamou a atenção para o fato de se culpar o crescimento demográfico ao invés do consumismo desenfreado de uns poucos que está transformando Nossa Casa Comum um lixão de grandes proporções. Porém, com ouvidos moucos, nossas lideranças políticas pouca atenção deram ao chamado papal. Estamos de mal a pior.
Porem, do lado de cá, seguindo os conselhos do pontífice, e com objetivos claros de criar consciência sobre a situação do saneamento básico no Brasil, assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenhar por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de Nossa Casa Comum, as Igrejas Cristãs Católica, Evangélica, Episcopal, Presbiteriana e Síria Ortodoxa, se uniram e encetaram a Campanha da Fraternidade 2016, com o Tema: “Casa comum, nossa responsabilidade.” Teve, também, objetivos específicos, quais sejam: unir Igrejas, expressões religiosas e pessoas de boa vontade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico em nosso país; estimular o conhecimento da realidade local em relação aos serviços de saneamento básico; incentivar o consumo responsável dos recursos da natureza, principalmente da água, entre outros. Poucos resultados colhidos da mesma forma. Lamentável!
Sim, por isto, passados quase 10 anos, pouca coisa ou quase nada mudou na casa chamada Brasil, nem tão pouco no planeta como um todo.
Nosso exame de consciência brasileiro acusa: 40 milhões de brasileiros não são atendidos por água tratada; 100 milhões não têm acesso ao serviço de coleta de esgotos; 61% dos esgotos não são tratados e são lançados no meio ambiente; só as capitais brasileiras lançam mais de 1,2 bilhão de m3 de esgoto por ano na natureza; 6 milhões de brasileiros não têm acesso a banheiro. Mais: 3,5 milhões de pessoas nas 100 maiores cidades despejam esgotos irregularmente, mesmo tendo rede coletora disponível. Além de tudo isto, triste realidade, agora em setembro/24, o fogo avança sobre mais de sessenta por cento da vegetação e temos um país enfumaçado e sem ação maior dos nossos governantes e sem interesse de nosso povo.
Há de se reconhecer que o quadro reflete a caótica situação do saneamento no Brasil, como também uma cultura política brasileira de pouco ou quase nada investir em saneamento básico:
“Saneamento básico não gera votos porque não são vistos”, afirmam os políticos que não gostam de se desgarrar do poder. A estes, o papa Francisco mandou um recado: Investir em saneamento é atender a um direito de todos. O autêntico progresso implica melhoria global nas condições de vida e dos espaços onde transcorre a existência das pessoas. A estrutura e os serviços de saneamento são componentes importantes das habitações: sua insalubridade causa problemas de saúde, psicológicos e emocional.
A missão de zelar pela “Nossa Casa Comum” (Planeta Terra) é de cada um de nós, terráqueos.
Conhecer e se importar com realidade de cada cidade e de suas propriedades rurais é uma obrigação de cada residente. Lutar para mudar os conceitos políticos populistas é missão que não podemos esquecer nunca. Tomar conhecimento da importância do saneamento para os residentes é evolução. Que façamos, pois, a nossa parte. O planeta clama por isso! Afinal, a casa é de todos! Cobrar ações concretas e decisivas de nossos governantes é nossa missão. No momento assistimos, todos nós, inertes, ações do nosso STF, tão contestado, pedindo empenho de nossos governantes em tomarem ações mais fortes. É hora de todos acordarmos e fazer a nossa parte antes que seja tarde demais!