Arte e cultura

Páscoa: por que ovos e coelhos são símbolos da data?

O que explica a associação entre os símbolos do ovo e do coelho com a celebração da Páscoa? Há controvérsias e diferentes versões sobre isso.

A origem dos símbolos da Páscoa: ovo e coelho

A associação dos símbolos do ovo e do coelho à celebração da Páscoa, centrada na crença cristã da ressurreição de Jesus Cristo, desperta curiosidade e dá margem a diferentes versões e interpretações, inclusive entre os religiosos.

Uma dessas versões, transmitida ao longo dos séculos, narra que Maria Madalena teria ido ao sepulcro de Jesus antes do amanhecer do domingo, após a crucificação ocorrida na sexta-feira. Ela levava consigo óleos para ungir o corpo. Ao chegar, encontrou a sepultura entreaberta. Um coelho, preso no interior do túmulo de pedra, teria sido o primeiro ser vivo a testemunhar a ressurreição. Desde então, segundo essa narrativa, o animal ganhou a missão de anunciar a boa nova às crianças no domingo de Páscoa — e por isso, tornou-se o mensageiro que entrega os ovos de chocolate.

O ovo, por sua vez, simboliza vida e renascimento. Povos da Antiguidade, como os romanos, acreditavam que o Universo tinha a forma de um ovo. Já na Idade Média, surgiram crenças de que o mundo teria se originado dentro de uma casca. Com o tempo, diversos povos — como os persas e, segundo outras teorias, os chineses — adotaram o costume de presentear amigos e familiares com ovos de galinha.

Quando o cristianismo começou a celebrar a Páscoa, a tradição pagã de festejar a primavera foi integrada à Semana Santa. Assim, o ovo passou a representar também a ressurreição de Jesus.

De ovos pintados a joias

Com o passar dos séculos, o hábito de dar ovos se transformou. Na Idade Média, as pessoas passaram a pintar cascas de ovos à mão. No entanto, foi na Rússia dos czares que essa tradição ganhou requinte. Entre 1885 e 1916, os czares Alexandre III e Nicolau II encomendaram 50 ovos ao renomado joalheiro Peter Carl Fabergé. Um dos mais famosos, presente de Alexandre III para sua esposa, Marie Feodorovna, escondia um relógio cravejado de safiras e diamantes. Em 2014, esse pequeno tesouro de 8,2 cm foi avaliado em impressionantes 20 milhões de dólares.

Já no século XVIII, confeiteiros franceses decidiram inovar: passaram a esvaziar ovos reais para recheá-los com chocolate. No século seguinte, os ovos inteiros de chocolate com bombons dentro se tornaram uma tradição consolidada. Até mesmo quem não atribui valor religioso à data costuma apreciar essa doce invenção.

O rabino Michel Schlesinger, da Confederação Israelita do Brasil (Conib), brinca com a ideia de unir tradições:
“Imagino que as crianças cristãs que experimentarem o matzá com chocolate ou requeijão também vão gostar.”

Mas por que o coelho?

Apesar de o coelho não botar ovos, sua imagem se consolidou como símbolo pascal. A explicação remonta ao Antigo Egito, onde o animal já simbolizava fertilidade. Com sua impressionante capacidade reprodutiva — podendo gerar de 4 a 8 ninhadas por ano — o coelho tornou-se um emblema de vida nova.

Além disso, por sair da toca logo após o fim do inverno, o coelho passou a representar também o renascimento. Em algumas representações cristãs antigas, ele aparece como símbolo de Cristo, com suas grandes orelhas prontas para escutar a palavra de Deus.

No Brasil, a associação do coelho com a ressurreição começou por volta da década de 1910, trazida por imigrantes alemães que tinham o costume de pintar ovos e escondê-los para as crianças encontrarem.

Segundo o pesquisador Evaristo de Miranda, compreender o significado dos símbolos é mais importante do que buscar a “verdadeira história”:
“Para nós, historiadores, o mais importante não é identificar a ‘verdadeira história’, mas decifrar os significados atribuídos a esses símbolos e as ideias que eles procuram transmitir.”

Embora ovos e coelhos sejam os símbolos mais populares, a Igreja Católica considera o círio pascal o verdadeiro emblema da Páscoa. Essa vela branca, acesa durante a Vigília Pascal, representa a luz de Cristo ressuscitado. Nela, aparecem as letras alfa e ômega — primeira e última do alfabeto grego — como sinal de que Jesus é o princípio e o fim de todas as coisas.

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