
O Oscar de melhor filme internacional vai para “Ainda Estou Aqui”. E o filme de Walter Salles hoje faz história conquistando uma das principais categorias da grande noite do cinema, superando produções da França, Irã, Irlanda e Letônia. O Oscar de melhor atriz, ao qual Fernanda Torres concorria, ficou para a atriz de “Anora”, que também levou o Oscar de melhor filme.
Prêmio inédito para o Brasil
O prêmio foi entregue pela atriz espanhola Penelope Cruz a Walter Salles. O filme brasileiro superou o iraniano “A Semente do Fruto Sagrado”, o francês “Emilia Pérez”, a animação letã “Flow” e o dinamarquês “A Garota da Agulha”. Em seu discurso, Walter Salles homenageou Eunice Paiva. “Uma honra tão grande. Isso vai para uma mulher que teve uma perda tão grande. Esse prêmio vai para ela, Eunice Paiva, e para as mulheres extraordinárias que deram vida a elas, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”.
Melhor atriz: Como Mikey Madison desbancou Torres e Moore?
Segundo previsões da maioria dos veículos especializados de Hollywood, a favorita era Demi Moore. O que pesava a favor dela era a vitória como Melhor Atriz no SAG (sindicato dos atores). Desde 1994, a vencedora do SAG só não levou o Oscar em sete ocasiões.
A atriz de 25 anos, Mikey Madison ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Oscar® de 2025. O anúncio repercutiu nas redes sociais, pois havia uma grande expectativa de que a disputa seria entre Fernanda Torres, por “Ainda Estou Aqui”, e Demi Moore, por “A substância”.
Segundo previsões da maioria dos veículos especializados de Hollywood, a favorita era Demi Moore. O que pesava a favor dela era a vitória como Melhor Atriz no SAG (sindicato dos atores). Desde 1994, a vencedora do SAG só não levou o Oscar em sete ocasiões.
Anora concorreu a seis categorias e levou cinco
Porém, o crítico de cinema Waldemar Dalenogare afirmou à Globonews (veja vídeo acima) que a academia amou Anora, tanto que o longa concorreu a seis categorias e ganhou em cinco delas:
- Melhor Filme;
- Melhor Atriz;
- Melhor Direção;
- Melhor Montagem;
- Melhor Roteirista; e
- Ator Coadjuvante (perdeu para Kieran Culkin, em “A verdadeira dor“).
Dalenogare disse também que era difícil Fernanda ganhar a estatueta porque no que diz respeito a valorização de uma atriz de um filme de língua não-inglesa “a academia está se abrindo, em um processo de internacionalização, mas [ainda] existe um problema de identificar uma boa atuação fora do eixo EUA-Reino Unido”.
Quanto a Demi Moore, o especialista afirmou que a escolha por Mikey também aponta mais uma vez que a academia rejeita filmes de terror – tanto que, na história da premiação, o longa foi o sétimo de horror/terror indicado a melhor filme na história.
Historicamente, os filmes de terror e horror são considerados “baratos”, com violência gratuita e recursos “de segunda”. Em uma matéria do veículo NPR, argumenta-se que a Academia prefere dramas sóbrios, “que tendem a ser baseados em pessoas reais e situações históricas reais”, sem espaço para produções mais estilísticas de qualquer natureza.
Para Fabiana Lima, crítica da Abraccine e do Critics Choice, essa “exclusão” não está limitada ao terror, mas qualquer filme considerado “de gênero”, ou seja, “que tem as características de gênero muito impregnadas em sua construção”.
“Filmes de comédia, de ação, de terror… esses são considerados filmes menos prestigiosos historicamente [para o Oscar]. A Academia sempre privilegiou filmes que, além de prestígio, tenham valor de produção, tenham a ver com histórias marcantes”.
De todo modo, Dalenogare declarou que Fernanda Torres fez uma campanha fantástica e história, muito pelo resultado da valorização e repercussão de “Ainda estou aqui” no exterior. O filme chegou a ser exibido em mais de 700 salas em solo norte-americano – sendo este o maior circuito já ocupado por uma produção brasileira por lá, segundo o gshow.