E de repente estamos no mês de agosto. E com isto, cá no Centro-Oeste brasileiro, suportamos um clima muito seco, uma amplitude térmica exagerada e desafiadora, às vezes repaginadas com ventos uivantes, árvores depenadas visando sua renovação à espera da estação que se avizinha e deparamos com tempos difíceis.
Neste contexto, porém, alguma coisa nos surpreende e nos mostra a beleza da renovação da natureza e reforça nossa alegria de viver.
Sim, refiro-me à flor da árvore Ipê, que, em agosto, em suas variedades branco, rosa, roxo, amarelo, antecipando a primavera, com suas flores exuberantes, nos deixa extasiados de tanta beleza. Na foto acima o exemplo do sofrimento: o pequeno IPÊ, atropelado há mais de 40 dias, sem nenhum socorro, não hesitou em nos contemplar com a beleza das suas flores rosas. (Av. José Sarney, Anápolis-GO).
Por certo, nosso então Presidente Jânio Quadros, também extasiado, assinou Decreto em 27/06/1961, declarando a Flor do Ipê Amarelo como a flor símbolo do Brasil, até porque a árvore está presente em todas as regiões do País com as cores vibrantes de suas flores que se sobrepõem sobre as demais árvores onde quer que estejam.
A árvore, também, já fora referendada por muitos poetas e escritores, dos quais não posso deixar de referendar nosso poeta romântico, o cearense Jose de Alencar, quando, da mesma forma, em 1871, optou por dar nome ao seu livro, romance regionalista que conta a intrigante história dos primos Mário e Alice que moravam na fazenda do avô, no interior do Rio de Janeiro, de “O TRONCO DO IPÊ”. Vale muito a leitura.
Com certeza, José de Alencar quis homenagear a árvore que simboliza o ciclo da vida e das mudanças das estações bem como pelo exemplo de resistências às intempéries que a árvore representa. Mas nem só beleza tem o Ipê. O poeta goiano Geraldo Magela da Cunha, nos deu uma grande aula sobre a importância do IPÊ:
“De sua casca e madeira extrai-se substâncias que retiram males do nosso corpo/De suas flores, abelhas extraem precioso mel/De sua madeira dócil e resistente, fabricam-se peças imprescindíveis/Suas raízes, em busca de água, penetram as profundezas evitando erosões/No verão, reverdece e protege pássaros e corpos fustigados do calor do dia”.
Sim, mil e uma utilidades para a árvore que nos traz o belo exemplo da antecipação da renovação. Nada melhor e mais belo que este maravilhoso exemplo de vida.
Na verdade, o exemplo que o IPÊ nos traz a cada ano é de um grande corte, antecipando o que também a primavera nos traz, ano após ano: deixar cair as folhas velhas para nascer e crescer outras novas, verdes e cheias de vida, num modelo de como deve ser a renovação da vida com renovação da esperança e um eterno convite ao recomeço de todos nós. Afinal, a natureza recomeça a cada dia e no dá este espetacular exemplo através da inexplicável sensação de que a natureza fica mais exuberante, mais bela e com suas paisagens multicoloridas de renovação que dá gosto de ver.
E como sou aniversariante de agosto, já me preparo e vou comemorar na terra de José de Alencar, em reconhecimento ao nome dado ao filho de índia Tabajara IRACEMA, (livro de Moacir), onde, iniciarei o renascer para uma nova estação (do ano), dentro da lógica de que enquanto o Criador de Todas as Coisas não nos levar para o eterno, podemos e devemos renovar nossas esperanças, acreditar que a vida é bela e que vale a pena ser vivida com intensidade.
Vale a pena a luta de carregar, com amor, fé e esperança, a cruz de cada dia. Cá do meu lado, garanto, procuro estar sempre em processo de renovação contínua e, em cada mês de agosto, busco acelerar este processo. Com isto, volto a nascer e a agradecer ao Criador pelo dom da vida.
Fica meu convite a você, prezado leitor, para que plante um IPÊ e curta seu progresso. Renove-se como ele faz a cada ano. Celebre este tempo de renovação da esperança, sabendo que plantar um IPÊ amarelo é glorificar a pátria-mãe. Não só eu, mas o mundo todo agradecerá. Será meu presente de aniversário. Obrigado!
