A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta terça-feira (5) que a desnutrição infantil no norte de Gaza é “particularmente extrema”, cerca de três vezes mais elevada do que no sul do território palestino, onde a ajuda humanitária tem chegado com mais facilidade.
Richard Peeperkorn, representante da OMS para Gaza e Cisjordânia, disse que uma em cada seis crianças com menos de dois anos de idade estaria gravemente desnutrida no norte de Gaza.
O porta-voz da UNICEF, James Elder, disse que as taxas de desnutrição entre crianças menores de cinco anos no norte de Gaza, onde o acesso à ajuda tem sido muito limitado desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro, eram três vezes maiores do que aquelas em Rafah, no sul.
Segundo Elder, isso mostra que “quando esse fluxo de ajuda conseguir chegar, ele vai fazer uma grande diferença para salvar vidas”.
Pelo menos 15 crianças morreram nos últimos dias de desnutrição e desidratação no hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, disse o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, no último domingo (3).
Os apelos internacionais para que Israel aja com mais vigor em relação à crise humanitária foram amplificados desde as mortes de palestinos que faziam fila para receber ajuda em Gaza, no mês passado.
As autoridades de Gaza disseram que 118 pessoas foram mortas na tragédia, atribuindo o “massacre” às forças israelenses. Israel, que afirma que muitas pessoas foram pisoteadas ou atropeladas, prometeu investigar.
Doenças
Somando-se à fome, existe um risco crescente de disseminação de doenças infecciosas, com nove em cada 10 crianças com menos de cinco anos – cerca de 220 mil – adoecendo nas últimas semanas, segundo Elder.
“Tem cerca de 750 mil crianças vivendo em Rafah”, declarou Elder.
Desde o mês passado, Israel tem intensificado os bombardeios em Rafah, onde estima-se que 1,5 milhão de pessoas estão abrigadas, a maioria tendo fugido de suas casas ao norte para escapar da ofensiva israelense.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirmou que um terço da população da cidade – 576 mil pessoas – está à beira da fome.