Artigo

VIDAS SECAS

Decorridos mais de 86 anos desde sua publicação, o que mudou?

O objetivo do título deste artigo é enaltecer e homenagear o escritor brasileiro alagoano Graciliano Ramos, autor de vários livros, em especial o de título homônimo: VIDAS SECAS.

O livro retrata o sofrimento exacerbado, a desventura, a falta de perspectiva, de justiça social e o desleixo da sociedade brasileira de então para com uma família nordestina, representativa do nordeste brasileiro da época (anos 1930 e seguintes), na sua fuga da seca em busca de dias melhores para toda família liderada por Fabiano, Sinhá Vitória, o filho mais velho, o filho mais novo, a cachorra Baleia, o Soldado Amarelo e o papagaio que serviu de alimentação no primeiro momento de dificuldades da família retirante.

Graciliano morreu há mais de 70 anos (1953). Com isto os direitos autorais dos seus livros passam para domínio público e vamos ter livros mais baratos e de mais fácil acesso ao grande público brasileiro, doravante. Vidas Secas foi publicado em 1.938 tornou-se best-seller do escritor brasileiro alagoano, porém, com certa timidez. Eis que até o momento, foram comercializados apenas dois milhões de exemplares do livro. Muito pouco para um país com mais de 200 milhões de habitantes. Nunca, porém, o livro do escritor deixou de frequentar as livrarias brasileiras. Na verdade, não fomos incentivados à leitura no passado.

Tenho convicção que nosso escritor foi bastante corajoso em denunciar as injustiças sociais e as mazelas da nação brasileira já naquela época. O que fez o Soldado Amarelo (representante da Justiça) e o fazendeiro empresário com Fabiano e, também, por certo, faziam com outros retirantes, é de entristecer o menor patriota possível. Vale conhecer os detalhes escritos com a secura e tristeza do escritor, com certeza atônito com tudo que viu no interior do nordeste ao longo de sua caminhada célere.

Decorridos mais de 86 anos desde sua publicação, o que mudou?  Vidas Secas continuam vivas na mente e no sofrimento de grande parte da nação brasileira, não só para o sofrido povo nordestino do interior. Até porque, certamente nos dias de hoje, com tecnologia farta e apoio social do país, é possível que não tenhamos retirantes sofredores, tão injustiçados e abandonados pela classe política, econômica e judiciária da nação brasileira como um todo, como a família relatada por Graciliano. Nosso autor se vivo estivesse e fosse reescrever o livro, com certeza, teria que observar sequidões variadas país afora.

Sim, para uma grande maioria da nação brasileira, não só nordestinos retirantes das secas, como relata o escritor no livro, as vidas continuam muito secas. Secas de esperanças,  secas de perspectivas de um futuro melhor, secas de amor ao próximo, secas de sonhos, enfim. Sendo certo que, nos dias de hoje, se nosso escritor-patriota fosse reescrever o livro, teria naturalmente que inserir no contexto do mesmo não só a sequidão nordestina, com a bravura do homem em busca de um mundo melhor para se viver, como também a sequidão de expectativas do povo de nossa nação como um todo.

Fabiano, personagem central da obra prima, quase nada falava. Em certo momento passou a se sentir como um animal. Ele é um retrato do povo brasileiro que gosta de paz, não reclama, não faz greve, não interessa pela política, gosta de união, festas e de ser pacífico e não gosta de sectarismo ideológico (moda do momento: nós contra eles). Na verdade, temos uma nação que se contenta com pouco e só quer paz e sossego, como fez nosso personagem principal Fabiano quando teve a oportunidade de vingar do Soldado Amarelo e, pensando um pouco, preferiu a paz e ajudou o soldado a encontrar seu caminho. Retrato maior do povo brasileiro. Obrigado, grande escritor brasileiro Graciliano Ramos. Seus recados continuam vivos. Que nossos líderes políticos os observem. Amém!

 BY Moacir de Melo

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