Marcada pelo reflorescimento da flora, a primavera é também uma fase de clima favorável para diversos alimentos brotarem da terra, naturalmente, os chamados frutos da safra. Além de sabor acentuado, há muitas vantagens em se consumir frutas, verduras e legumes da estação. Os especialistas no assunto destacam, por exemplo, que os alimentos que amadurecerem no momento certo (sem receberem aditivos químicos para acelerar esse processo) são mais frescos e nutritivos, pois incorporam os nutrientes do solo por mais tempo.
Outros ganhos são a facilidade de acesso a esses produtos (em feiras, mercados e hortifrútis) e, ainda, o custo reduzido, diante da maior oferta do comércio. Uma fruta típica do Nordeste brasileiro, que brota em setembro, é o caju.
Consumido fresco, como suco ou cozido, o caju é versátil para a saúde e o paladar, somando outros benefícios aos já citados: possui alto teor de vitamina C, é rico em flavonoides e cobre (mineral), entre outros nutrientes antioxidantes, anti-inflamatórios, antimicrobianos, antitumorais e ateroscleróticos.
A polpa do fruto ajuda a melhorar o sistema imunológico e proteger contra doenças, deixando músculos, ossos, intestino, coração e sangue mais saudáveis. Já a ingestão moderada da castanha de caju, in natura ou torrada, favorece a absorção de gorduras que equilibram o colesterol. A saúde ganha de diversas formas com as propriedades desse alimento.
O cajuzinho-do-cerrado (Anacardium humile), também conhecido como cajuzinho-do-campo ou cajuí, pertence à família Anacardiaceae e é uma espécie que ocorre em campo sujo e cerrado, nos estados de Goiás, Minas Gerais, Rondônia, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do sul, Paraná, São Paulo e no Distrito Federal.
De natureza arbustiva, é uma espécie melífera, que floresce de setembro a outubro, frutificando em novembro, apesar de apesentar baixa capacidade de produção de frutos e sementes.
Assim como o caju comum (Anacardium occidentale), o cajuzinho-do-campo também é um pseudofruto. Seus frutos pequenos são muito consumidos in natura e também na forma de sucos, doces e geleias. Quando fermentados, fornecem uma espécie de aguardente conhecida pelos índios como cauim. As castanhas são consumidas em forma de amêndoas, da mesma forma que o caju comum, e são ricas em vitaminas B1 e B2, proteínas, lipídeos, niacina, fósforo e ferro.
Toda a planta do cajuzinho-do-cerrado é empregada na medicina popular. A infusão de suas folhas e da casca do caule subterrâneo é utilizada para curar diarreias. O óleo encontrado na castanha tem ação antisséptica e cicatrizante, sendo também empregado na indústria para a produção de matérias plásticas, vernizes e isolantes.
O pedúnculo do cajuzinho-do-cerrado é rico em vitamina C, fibras e compostos antioxidantes. Essa composição biológica está associada à prevenção de doenças crônico-degenerativas, como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes. A infusão das inflorescências é utilizada para combater a tosse e baixar o nível de glicose nas pessoas diabéticas.
O cajuzinho-do-cerrado é muito consumido por animais silvestres, o que ajuda na disseminação de suas sementes, que possuem baixa capacidade de germinação. Por ser uma espécie rasteira, é mais suscetível à ação do homem e do fogo, e está concorrendo com outras espécies ao título de espécie ameaçada de extinção.